segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Reportagem informativa do caderno sustentabilidade do Atarde com direito a comentário de Soliano

No Brasil, o consumo energético de fonte renovável chega a 45%, enquanto no restante do mundo não passa de 14%, conforme dados do Ministério das Minas e Energia. Esse número se deve em grande parte às usinas hidrelétricas do País. No intuito de promover a diversificação da Matriz Energética Brasileira, buscando alternativas para aumentar a segurança no abastecimento de energia elétrica, desde 2004, o governo brasileiro criou o Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), capitaneado pelo Ministério das Minas e Energia. O objetivo é aumentar a participação da energia elétrica produzida por empreendimentos concebidos com base em fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCH) no Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN), além de permitir a valorização das características e potencialidades regionais e locais.
A meta do programa é a implantação de 144 usinas, totalizando 3.299,40 MW de capacidade instalada, sendo 1.191,24 MW provenientes de 63 Pequenas Hidrelétricas (PCHs), 1.422,92 MW de 54 usinas eólicas e 685,24 MW de 27 usinas à base de biomassa. Toda essa energia tem garantia de contratação por 20 anos pela Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.).
A Petrobras, maior empresa brasileira no campo energético e uma das maiores do mundo no setor petrolífero, já concentra também esforços na direção das energias alternativas. Em 2008, a Petrobras iniciou a implementação de uma carteira com 53 projetos de eficiência energética. Dezesseis deles já entraram em operação, resultando em uma economia de energia equivalente a 712 barris de óleo equivalente por dia, e emissões evitadas em 103 mil toneladas de CO2 por ano. Sua estratégia é desenvolver projetos de fontes renováveis e de outros combustíveis, além do gás natural. De acordo com Mozart Schmitt de Queiroz, gerente executivo de Desenvolvimento Energético, da Diretoria de Gás e Energia da Petrobras, os investimentos em novos projetos no segmento de energia elétrica somam U$ 1,4 bilhão para o período 2009-2013.
Desafios - Para Osvaldo Soliano, o principal obstáculo para ampliação do uso das fontes renováveis é o custo ainda elevado da energia gerada, que exige uma tarifa prêmio nos primeiros anos até se criar escala e ficar competitiva. Ele afirma que: nas grandes hidrelétricas o custo de geração está abaixo de R$ 100/MWh; nas usinas térmicas fica numa faixa de R$ 150/MWh, mas só para instalação sem operação, ou seja sem considerar os custos de combustível, quando elas entram em operação, o que pode deixar os valores acima de R$ 200/MWh; a eólica está na faixa de R$ 180-200/MWh; as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) estão na faixa de R$ 150-160/MWh; e as de bagaço de cana (biomassa) ficam abaixo de R$ 100/MWh.
“Com a grande hidrelétrica no Brasil é difícil competir, mas com as térmicas, com um aumento de escala, já é possível competir, sobretudo levando em consideração externalidades ambientais: positivas da eólica e negativa das térmicas. A solar ainda levará um tempo para chegar ao limite da competitividade, mas as PCH’s já competem nos leilões, assim como a biomassa a bagaço. As outras biomassas também ainda precisam de uma tarifa prêmio. Uma de grande interesse é a geração com o gás de aterro”, sinaliza o especialista.
Joiris Manoela Dachery, pesquisadora integrante da equipe do Portal Brasileiro de Energias Renováveis, concorda que as fontes poluentes ainda são mais viáveis economicamente, mas é otimista com relação ao futuro: “Os investimentos crescem a cada ano, mas ainda falta autonomia das pessoas para aderir à uma fonte energética não poluente. Hoje há várias pesquisas na área bioenergética, o que gera adequações e pode diminuir seu custo”.
Para a pesquisadora, o governo deve investir em pesquisas na área, incentivar o desuso das fontes convencionais, pois é cada vez mais evidente a necessidade de aderirmos às fontes de energias renováveis. “O financiamento para implantação de pequenas unidades geradoras de energia, seja hidrelétrica, eólica, solar ou de biomassa é fundamental, pois falta o estímulo financeiro inicial para os interessados. Mas o investimento em pesquisa dessas fontes ainda é o melhor caminho para chegarmos à aderência total das fontes bioenergéticas”, conclui
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